Dois - Legião Urbana - 23/12/87 - Vinil


 

Como de hábito, acabei queimando a minha língua quando disse que as bandas dos anos 80 acabaram se rendendo a uma vontade doida de fazer um segundo disco luxuoso e produzido e se esqueceram um pouco da qualidade musical.
O segundo disco da Legião veio para mudar essa máxima e para me fazer fechar esta boca grande que Deus me deu.

A loja onde comprei este disco nem existe mais. Ficava lá na Praça da Árvore, uma lugar bem distante da minha Zona Norte natal e só acessível naquela época por conta do bem amado Metrô.
Acho que acabei me perdendo por lá acompanhando meus amigos que queriam comprar bermudas em uma loje de surfe que estava em promoção. Na minha adolescência se vestir com roupa de surfista era in.
Como eu só tinha grana para a passagem e algo mais, deixei as bermudas de lado e comprei um disco. Dentre as promoções disponíveis, acho que usei melhor meu dinheiro ao escolher a da loja de discos.
No Natal de 87, eu me presenteei com algo que me trouxe muito mais benefícios.

Sempre gostei muito de "Eduardo e Mônica", por mais batido que fosse pensar que o Renato Russo havia escrito a letra pensando especialmente em mim.
Demorou muito para que minha visão de mundo se abrisse e eu percebesse que aquilo se encaixava na vida de qualquer adolescente do mundo.
É impressionante como é previsível a vida de quem se acha o rei do mundo mas ainda mal saiu das fraldas.

Acho que as músicas que mais tocaram nas rádios foram "Tempo perdido" e "Quase sem querer". Os "punks de Brasília" estavam ficando mais sofisticados e a pancada doía um pouco menos.
Mal sabia eu que não demoraria muito para que eu passasse a achar extremamente chatas as lamentações do Renato e as musiquinhas arrastadas da banda.
Mas como isso ainda demoraria, valia a pena pular e dançar com a Legião.