3 lugares diferentes - Fellini - 18/03/88 - Vinil


Fellini 

O Fellini nunca conseguiu sair do círculo de meia dúzia de amigos-fãs e por isso não "foi para a frente" como banda. Não dá para culpar muito o público, afinal de contas a banda nunca foi muito fácil. Acho que qualquer pessoa que escute "Rock Europeu" pela primeira vez vai torcer um pouco o nariz, mas depois se acostuma.
Acho que foi mais ou menos assim comigo.
Um amigo tinha o primeiro disco da banda e sempre dava um jeito da música rolar nos bailinhos que organizávamos. Na minha "nerdice" da adolescência, eu me sentia o máximo dançando e cantando junto com o Cadão Volpato.

Não me lembro bem quanto tempo passou até que comprei meu próprio Fellini.
Este era o terceiro e o grande hit era "Teu inglês". Uma letra meio nonsense que fazia a alegria de uns gatos pingados na 89FM. Eu curtia, mas o resto do disco era meio difícil.
Tempos depois tentei comprar os outros álbuns da banda mas não consegui. Nem na Baratos Afins, onde comprei este. Se fosse o U2.....

Mesmo com o ar "cult" da banda, sempre é legal ouvir as gravações que eu fazia dos shows que a 89 transmitia. Era comum ver o Akira S tocando com o Fellini e fazendo ainda mais esquisitices.
Bons e exclusivos tempos eram aqueles.

Férias again

Chegou a hora de sair de cena novamente e descansar a carcaça judiada pelos abusos do Reveillon.
No próximo sábado saio de Sampa e vou rumo ao interior do meu amado estado de Minas Gerais. Vou atrás de história, comida e sossego. Quero me preocupar apenas com o cardápio do almoço, com o número de fotos tiradas e com a quantidade de igrejas que vou conseguir visitar até ter um piti.

Na volta, tudo será registrado no Seguindo Gulliver, a minha comédia de erros particular.

Hasta luego, amigos.

Darklands - The Jesus and Mary Chain - 05/02/88 - Vinil


Darklands 

O Mahr continuava tocando Jesus aos domingos e eu continuava doido por aquela barulheira quando os escoceses de cabelos desgrenhados lançaram o segundo álbum.
A coisa estava completamente diferente, mas de alguma forma permanecia a mesma. Não havia mais barulho e microfonia ensurdecedores, mas a voz dos irmãos Reis era a mesma.
A guitarrinha suave também. Agora já dava para entender em que língua eles estavam cantando. Sem dúvida, este não sai da minha lista de favoritos. Sem querer abusar do momento Alta Fidelidade, este é Top 5 fácil.

Devo ter ouvido "About you" tantas vezes que o vinil deve ter um desnível e a agulha da pick up devia cantar as letras decor. Não cheguei perto da obsessão das minhas irmãs que colocam o CD no repeat até o player desligar sozinho, mas escutei tudo até repetir os dedilhados com a boca. Fiz tantas vezes ta-ran-taran-ta-ran-taran-tan-tan, que todos em casa me achavam doido.

Comprei um em seguida do outro por doideira. Apesar de barata, a Baratos Afins não fazia parte do meu orçamento. Era demais para um moleque que ainda fazia cursinho e economizava moedas para almoçar duas esfihas de carne.
Mas valia a pena passar fome. Eu não era fanático de comprar camisetas, colecionar revistas e vender a alma por um VHS pirata, mas adorava a banda. Não era a coisa mais importante da minha vida, mas era a segunda coisa que eu mais gostava de ouvir.

O ápice de tudo foi o show no Projeto SP, mesmo com a bagunça que o Jim tocou ao não se lembrar das letras e causar risos até no William, que nunca mostrava os dentes.
Eram bons os tempos da Número 2.